Etanol: vilão ou herói?

domingo, 21 de outubro de 2007


Uma ácida polêmica cerca, há meses, o debate sobre os combustíveis biológicos (ou, para alguns, agrícolas). A produção de etanol seria, como sustentam seus defensores, uma alternativa contra o aquecimento global e uma janela de oportunidade para o Brasil e outros países da América Latina? Ou estaria roubando terra de outros cultivos, inflacionando os preços dos alimentos e pressionando ecossistemas como a Amazônia, apenas para engordar os lucros das transnacionais do agronegócio?

A vantagem ambiental da biomassa em relação ao petróleo é conhecida. Tanto álcool quanto gasolina geram gás carbônico em sua queima. Mas as plantas das quais se extrai o combustível vegetal compensam tal efeito (com folgas, no caso da cana), porque respiram (”seqüestram”) CO2 durante toda sua vida, no processo de fotossíntese.

O foco alternativo é intervir no debate sobre as condições em que se a biomassa será produzida. As nações produtoras de álcool podem se articular, tanto para defender preços dignos (como já faz a OPEP, no caso do petróleo), quanto para colaborar entre si. A diplomacia brasileira teria um papel relevante neste esforço. No interior de cada país, é perfeitamente possível medidas para distribuir a riqueza gerada pelos novos combustíveis (por exemplo, assegurando condições dignas de trabalho na lavoura de cana; estimulando a produção de álcool a partir de outras plantas, em cooperativas e pequenas unidades; tributando a exportação das grandes usinas e utilizando a receita para incentivo à agricultura familiar). O movimento ambientalista pode agir, nos planos nacionais e mundial, para exigir que os novos cultivos de biomassa se dêem em áreas agrícolas hoje desaproveitadas, e não ameace os ecossistemas naturais.
A produção mundial de combustíveis vegetais dobrou entre 2000 e 2005. Tudo indica que haverá uma explosão, nos próximos anos e décadas. É mobilizador imaginar que não se trata nem da “salvação da lavoura”, nem de mais uma conspiração do capital — mas de um processo cujo sentido depende de consciência e mobilização social.

1 comentários:

Rodrigo Refulia disse...

Quando Fidel puplicou um artigo no jornal Granman no qual dizia que não usaria a cana-de-açucar de seu país para fazer etanol e que Cuba já tinha feito a parte dela ao substituir todas as lâmpadas encandecentes por flosforecentes além de prezervar a florestas da ilha todos o criticaram. Mas não é que Fidel esta certo!
O Brasil corre o risco de retroceder 100 anos de sua história e retornar ao sistema de monocultura (ou "bicultura" já que a soja é um assunto para outro dia) entregando o poder na mão dos senhores do etanol!
Só não quero ouvir a história dos paises europeus de que o brasil destuirá a amazônia para plantar cana pois senão vou até a europa dizê-los que proibam que arabes plantarem arroz no deserto. Será que eles não sabem que tudo que se planta na amazônia nada dá... santa ignorância